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2 de maio de 2023
Achou que eu não ia falar do PL das Fake News?
Oiê, tudo bem? Estou aqui de volta, pós-feriado, juntando os cacos espalhados por uma gripe interestadual na nossa equipe de conteúdo. O outono chegou mesmo, temperado pela emergência climática, derrubando paulistas, mineiras e baianas.

Mas, como a disputa pelos direitos das mulheres não para, precisamos falar do PL 2630/2020, atualmente conhecida como PL das Fake News, mas que, na verdade, é a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, que reúne quase 100 propostas legislativas apresentadas desde 2017. O texto, que pode ser votado essa, semana é de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), e tem relatoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Na prática, é uma atualização do Marco Civil da Internet, publicado em 2014, quando a vida digital era muito diferente.

As páginas de notícias e redes sociais estão cheias de posicionamentos sobre essa lei. Tem contra, a favor, em cima do muro, e por aí vai. Tem análises de diferentes aspectos, várias excelentes, como essas do Desinformante, The Intercept Brasil e Núcleo Jornalismo. A gente não precisa falar tudo outra vez, mas é importante chamar atenção para um ponto: regulação de plataformas digitais e combate à desinformação também são questões de gênero.

Primeiro, porque numa estrutura social sexista, o gênero é transversal, ou seja, atravessa todos os temas. Segundo, porque o texto trata diretamente dos conteúdos relativos à violência contra a mulher. “Os provedores devem atuar diligentemente para prevenir e mitigar práticas ilícitas no âmbito de seus serviços, envidando esforços para aprimorar o combate à disseminação de conteúdos ilegais gerados por terceiros, que possam configurar [...] violência contra a mulher, inclusive os crimes dispostos na Lei nº 14.192/2021” (Lei de Violência Política contra a Mulher).

Hoje, sabemos que esse tipo de material violador circula em todas as redes sociais, se não com total liberdade, em grande volume e com muito pouco controle. Prova disso são os resultados do nosso observatório de violência online, MonitorA 2022, que apresentamos na última quinta-feira (27/4), em São Paulo. Os dados completos que mostram a intensa violência online contra mulheres candidatas podem ser conferidos neste hotsite.

Temos hoje um projeto de lei ideal para regular a atuação das plataformas digitais e combater a desinformação no Brasil? Não, não temos. Mas também sabemos que há muitos interesses em disputa. E precisamos começar de algum lugar, urgentemente. O PL 2630 já engloba pontos muito importantes. Brasileiras e brasileiros já estão sendo vítimas de atos criminosos gestados online, com a conivência das big techs.

Tudo indicava que o PL 2630 seria votado nesta terça-feira (2 de maio). Agora, com as ameaças da bancada de extrema-direita de votar contra, mais negociações podem ser necessárias. Nosso papel é ficar em alerta, entendendo o que realmente está em jogo nesse toma-lá-dá-cá. Estamos ligadas pra te contar tudo. É nós por nós.

Um beijo,
Ana Carolina Araújo
Gerente de Jornalismo
Radar da Câmara
Violência contra a mulher. A relatora Silvye Alves (UB-GO) deu parecer favorável ao PL 4973/2020, da senadora Rose de Freitas (MDB/ES), que obriga as Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal a publicarem, mensalmente, as estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher.

Também recebeu parecer favorável da deputada Lêda Borges (PSDB-GO) o PL 2784/2021, do deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que permite ao juiz determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação psicossocial.

A relatora Lêda Borges (PSDB-GO) deu parecer pela aprovação do PL 1350/2022, de Eduardo da Fonte (PP-PE), que estabelece novas penas ao crime de lesão corporal gravíssima contra a mulher que resulte em marca permanente.

O PL 3048/2021, da senadora Leila Barros, que aumenta em um terço as penas de crimes contra a honra (calúnia, injúria e difamação) cometidos contra mulheres, por razões da condição de sexo feminino, foi outro que recebeu parecer favorável da deputada Laura Carneiro (PSD-RJ).

O deputado Capitão Augusto (PL-SP) apresentou o PL 2128/2023 que tenta aumentar as penas previstas para o crime de homicídio simples, qualificado e feminicídio. Lembrando que a gente sempre fala aqui n'AzMina sobre esses projetos punitivistas de aumento de penas que não resolvem o problema.

Projeto da deputada Lêda Borges (PSDB-GO) fala da capacitação dos servidores públicos sobre instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres e medidas de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar.

A deputada Nely Aquino (PODE-MG) propôs criar o Programa Tempo de Respeitar, de reflexão, conscientização e responsabilização dos autores de violência doméstica e grupos reflexivos de homens.

O PL 2199/2023, do deputado Amaro Neto (Rep-ES), quer definir todo crime de violência doméstica e familiar contra a mulher como ação penal pública incondicionada, ou seja, que não demanda iniciativa das partes para ser investigada e julgada.

Proposta do deputado Yury do Paredão (PL-CE) torna obrigatória a utilização de placas com o número do disque denúncia em locais como restaurantes, hotéis e bares, assim como cria o Programa Yanny Brena.

Iza Arruda (MDB-PE) fala no PL 2221/2023 da instalação de salas de acolhimento exclusivas para mulheres vítimas de violência nos serviços de saúde próprios e nos serviços privados contratados ou conveniados ao SUS.

E o projeto da deputada Rosângela Moro (UB-SP) busca condicionar o arbitramento da fiança por crimes previstos na Lei Maria da Penha à decisão de um juiz.

Maternidade atípica. A relatora deputada Flávia Morais (PDT-GO) deu parecer favorável ao PL 2859/2020, do deputado Léo Moraes (PODE-RO), que institui a Semana Nacional da Maternidade Atípica.

Samba. O PL do deputado Chico D'Angelo (PDT-RJ), que cria o Dia Nacional da Mulher Sambista, teve parecer favorável da relatora, deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), o PL 3057/2021.

HIV/AIDS. Também recebeu parecer favorável, do deputado Marangoni (UNIÃO-SP), o projeto (PL 6717/2009) que inclui nas políticas de saúde o fornecimento de leite em pó para os filhos de mães portadoras do HIV ou doentes de AIDS, do senador Mauro Miranda (PMDB-GO).

Equidade de gênero. O deputado Eli Borges apresentou projeto de decreto para sustar a Portaria GM/MS nº 230/2023, que institui o Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Valorização das Trabalhadoras no SUS.

Previdência.  O PL 2047/2023 apresentado pela deputada Marussa Boldrin (MDB-GO) reconhece a mulher trabalhadora rural como segurada especial, mesmo quando em algum documento anterior, ela seja descrita como “do lar”, “dona de casa”, “doméstica” ou outras similares.

Acesso a maternidades. A proposta (PL 2081/2023), do deputado Capitão Augusto (PL-SP), trata de protocolos de segurança para prevenir a troca de bebês em maternidades brasileiras, incluindo identificação dos recém-nascidos e dos pais, sistema de monitoramento eletrônico e controle de acesso aos bebês.

Partidos políticos. A deputada Renata Abreu (PODE-SP) visa alterar a Lei dos Partidos Políticos, para que o Instituto da Mulher não seja atingido por sanções aplicadas aos partidos por reprovação de contas, exceto se tenha dado causa à reprovação.

Direitos reprodutivos. O PL 2179/2023, do deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), define como critério de prioridade para a esterilização voluntária no SUS às mulheres beneficiárias do Bolsa Família.

Direito da consumidora. Juninho do Pneu (UB-RJ) pede a prorrogação dos benefícios dos programas de fidelidade para gestantes por, no mínimo, seis meses com o PL 2186/2023.

Estupro. O deputado Capitão Augusto (PL-SP) quer aumentar as penas previstas para o crime de estupro.

Antigênero. Por meio do PL 2210/2023, o deputado Messias Donato (Rep-ES) busca alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) para vedar tratamentos, terapias, procedimentos ou qualquer outra ação que interfira na formação de gênero.

Participação eleitoral. Lêda Borges (PSDB-GO) propõe criar a “Semana de Incentivo à Participação da Mulher no Processo Eleitoral”, a ser realizada anualmente na primeira semana do mês de março, logo antes do Dia Internacional da Mulher.
Radar do Senado
Direitos Humanos. O Senado Federal enviou para a sanção presidencial o PL 2941/2008, da senadora Patrícia Saboya Gomes (PDT-CE), que trata da difusão, por órgãos públicos, dos direitos fundamentais e dos direitos humanos, especialmente os que falam de mulheres, crianças, adolescentes e idosos.
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