A luta delas vai além do feminismo e precisa de todes
21 de outubro de 2022
Como nos unirmos às mulheres indígenas?
Olá, tas bem? Vamo que vamo que falta pouco pra esse inferno acabar. Não considero a possibilidade de outro resultado nas urnas dia 30, portanto, vamos acreditar e espalhar otimismos brilhantes. Só força! E, aliás, quem super nos mostra esse caminho são os povos indígenas que estão fazendo resistência há mais de 500 anos, não é mesmo?
 
No vídeo desta semana do canal do YouTube d'AzMina falamos da Luta das Mulheres Indígenas, que não se encaixa no feminismo como o entendemos. Essa luta vai além porque as pautas que elas reivindicam tem como base a terra e as diferentes demandas de seus povos originários. A gente conversou com mulheres ativistas indígenas de diferentes etnias que falam sobre o tema.
 
Povos e pautas diversas
 
Temos cerca de 300 povos indígenas no Brasil e a diversidade de pautas e realidades é a primeira coisa a se levar em conta quando falamos sobre eles. Val Munduruku, uma das nossas entrevistadas, é uma mulher indígena lésbica amazônida. Além do que ela fala no vídeo, Val nos conta aqui que na região onde ela está um problema muito grande é o garimpo e seus impactos. "Não é só o desmatamento que está ocorrendo, não é apenas a poluição do rio, têm outros fatores que acabam se manifestando na violência contra as mulheres indígenas, como o uso excessivo de álcool e drogas que já têm entrado no território", disse.
 
Isso coloca a luta pela demarcação de territórios indígenas como pauta central, para que a terra e o povo sejam protegidos. E tudo isso convoca também a nós, mulheres não indígenas, a se juntar a essa luta, apoiar as companheiras indígenas e visibilizar suas reivindicações, afinal elas são por todos, todas e todes que vivem nesse país e querem que ele continue existindo. Comecemos virando votos nas ruas nesta semana e apertando 13 na urna, pois sabemos tudo que Bolsonaro tem feito nesse jogo sujo eleitoral e contra os povos originários nos últimos anos.
 
Aqui n'AzMina a gente tem produzido conteúdos e reportagens que mostram o quão dura e perigosa é a luta de mulheres na defesa do meio ambiente, bem como para resistirem e valorizarem suas culturas e modos de vida tradicionais. E, nesta semana, temos o prazer de estrear uma nova colunista, a ativista indígena da amazônia Jamille Anahata, que começou escrevendo também que mulheres originárias não costumam reivindicar um feminismo indígena. Vai lá ler ;)
 
Resistiremos por e com as mulheres indígenas!
Um cheiro, 
Joana Suarez
Gerente de Jornalismo da Revista AzMina
Transfobia e xenofobia: vergonhas dessas eleições
O debate político que candidatas trans e travestis tentaram travar nas redes sociais durante a campanha eleitoral acabou sendo sequestrado por transfobia, conflitos ideológico-partidários, violência política... As primeiras deputadas federais trans eleitas no Brasil, Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), foram os principais alvos identificados pelo projeto MonitorA em 2022. Comentários transfóbicos somaram uma camada adicional do terror que foi esse pleito e sugaram a energia delas para discutir importantes pautas para o país.

"Foi uma das matérias mais difíceis que fizemos até agora para o MonitorA, por dois motivos: primeiro, porque o processo metodológico foi diferente, com várias etapas e mais voltado a analisar o discurso de maneira geral; segundo, porque encontramos nos tuítes e comentários do Instagram novas camadas de violência. As formas de expressar a transfobia aparecem disfarçada, em muitos casos, e, totalmente escancarada, em outros. Fazer esse tipo de matéria é conseguir tornar visível algo que só dá pra sentir acompanhando essas candidatas nas redes dia a dia", contou Lu Belin, uma das nossas repórteres.

Nordestinas

Tu pensa que a xenofobia apareceu nessas eleições só sobre o voto nordestino? Ofensas do tipo também deram o tom das interações nas redes sociais das candidatas nordestinas na disputa de 2022.  Expressões como “pernambucano é tão burro” e “vergonha do povo potiguar” foram registradas nas redes. Também tiveram ataques direcionados à idade e aparência, independentemente do posicionamento ideológico da candidata.

Graziela França e Karina Dantas, da Agência Tatu, organização parceira de Alagoas, escreveram pra gente como foi fazer parte desse monitoramento e reportagem que foi publicada hoje no nosso site.

“Nessas análises, consegui sair da minha bolha política e ver casos de ofensas direcionadas às mulheres de direita também, me fazendo perceber que a misoginia fala mais alto do que a violência política e outras formas de repressão”, disse Karina.

“Abordar violência política de gênero  em uma reportagem nos faz sentir que estamos cumprindo nosso papel em conscientizar e tratar de temas importantes não só para as mulheres, mas para toda a população da região”, destacou Graziela.

Os dados para ambas as matérias foram levantados pelo projeto MonitorA 2022, da Revista AzMina em parceria com InternetLab e Núcleo Jornalismo. Você acompanha as reportagens que fizemos dentro do MonitorA no nosso site, e também pode ser um apoiador desse e de outros projetos d'AzMina pra gente alcançar mais resultados, denunciar violência política de gênero e vislumbrar eleições mais justas. 
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Para ficar sabendo mais…
Outubro Rosa. Livro em quadrinhos conta a jornada de uma mulher diante do câncer de mama. A publicação é baseada na vivência da psicóloga e pesquisadora Dulce Ferraz. A graphic novel “180º - Minhas Reviravoltas com o Câncer de Mama” mostra a importância de uma rede coletiva de cuidados e também do respeito ao direito à informação em linguagem acessível. A obra ficará disponível em formato de e-book (gratuito) e impresso no site da NAU Editora.
 
Cartilha para professoras. O Portal Catarinas lançou a cartilha “Como defender-se das censuras ao debate de gênero, sexualidade e raça nas escolas?” na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. A publicação faz parte do especial Gênero na Escola, que tem como objetivo subsidiar professoras/es e instituições de ensino com ferramentas e informações que possibilitem o conhecimento e a apropriação da base jurídica brasileira. Está disponível para download no site.

Mulheres, democracia e religião. Temos vistos nos últimos dias muitas atitudes de intolerância religiosa e muitos discursos superficiais sobre pautas feministas como o aborto. Na segunda-feira (17/10), duas mulheres importantes falaram sobre religião e democracia na live do Geringonça SP: Ivone Gebara, filósofa e teóloga eco feminista, e Pastora Maria, teóloga e advogada. Tá salva lá para quem quiser assistir.

Sem clima. Crianças e adolescentes representam 58,8% de todas as vítimas de estupro no Brasil. Quando o presidente da República declarou, em mais de uma oportunidade, que “pintou um clima” com meninas venezuelanas, ele verbalizou uma situação criminosa. Dados do Anuário de Segurança Pública, relativos a 2021, apontam que do total de 45.994 estupros de vulnerável, 61% foram cometidos contra meninas entre 10 e 13 anos. (Via Paraiba Feminina)

Bichectomia. Jovens relatam danos colaterais de procedimento. Os efeitos colaterais aparecem depois de anos, meses ou dias. Homens e mulheres precisam agora gastar milhares de reais em procedimentos estéticos para amenizar os problemas causados pela bichectomia - um procedimento irreversível e que custa de R$ 2.000 a R$ 3.500. (Via UOL TAB
 
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